DMX 512
Digital Multiplexer 512
Um pouco de História...
A iluminação teve sempre uma grande influência na forma
de fazer teatro, mesmo nos tempos mais antigos. Nas ruínas gregas e romanas
pode ver-se claramente que os arquitetos da altura já tinham essa preocupação.
No entanto não é possível determinar com certeza absoluta se os meios de
iluminação serviam apenas para ser possível efetuar espetáculos à noite ou
eram usados para criar efeitos especiais no palco. Mas é ponto assente que os
gregos e romanos possuíam considerável experiência no que respeita a efeitos
especiais, facto que tende a suportar a segunda hipótese.
De qualquer forma, quando os espetáculos
começaram a tomar lugar em espaços cobertos, a necessidade de iluminação
artificial tornou-se evidente, quanto mais não fosse para fixar a atenção dos
espectadores no palco. As primeiras fontes luminosas de intensidade controlável
apareceram em meados do séc. XIX, quando já se utilizava a iluminação a gás. O
termo light organ (órgão luminoso)
surgiu nessa altura, devido ao aspeto dos painéis de controlo utilizados, com
inúmeras torneiras e tubos que lembravam um órgão de tubos musical.
A iluminação a gás era pouco prática sendo
rapidamente substituída pela iluminação elétrica quando esta apareceu e foram
fabricadas lâmpadas de filamento e de arco voltaico. Os primeiros painéis de
controlo elétricos eram formados por vários autotransformadores volumosos
ligados a lâmpadas incandescentes. A intensidade luminosa das fontes de arco
voltaico não podia ser controlada por meios elétricos. Estes painéis eram
enormes, muito pesados e perigosos, uma vez que muitos componentes ligados à
rede elétrica estavam expostos, podendo facilmente ser inadvertidamente tocados
pelas mãos dos operadores. Estes sistemas, que apareceram por volta de 1920,
foram utilizados até cerca de 1960 quando surgiram os primeiros tirístores.
Graças a estes semicondutores, o peso e
dimensões dos painéis de controlo foram substancialmente reduzidos. Além disso,
para controlar estes semicondutores à distância bastava um par de condutores
para transmitir uma tensão. Por esta razão foi possível resolver intrincados
sistemas de comando, para criar efeitos especiais que antes eram impensáveis, como
por exemplo reduzir simultaneamente a intensidade luminosa de uma série de
fontes luminosas (imagine manipular simultaneamente os enormes reóstatos
mecânicos utilizados antigamente).
Antes de prosseguirmos com o relato histórico, debrucemo-nos um pouco sobre estes controladores a tirístores a que os técnicos chamavam dimmers (variadores de luminosidade), ou power boxes (caixas de potência) e que foram utilizados por todo o lado entre 1960 e 1980. Os tirístores funcionavam segundo o princípio de variação de fase e criavam distúrbios audíveis (as lâmpadas produziam ruídos) bem como muita interferência eletromagnética, que se infiltrava nos sistemas de som. Para reduzir estes efeitos, os circuitos dos tirístores foram dotados com grandes bobinas supressoras, que aumentavam o peso e reduziam a velocidade com que era possível as lâmpadas à sua iluminação máxima.
Por volta de 1980 foram entretanto fabricados triacs (e mesmo certos tipos de transístores) com capacidade para funcionar com a tensão da rede elétrica, facto que tornou possível fabricar dimmers de alta frequência. As bobinas supressoras já podiam ser mais leves, menos volumosas e até eliminadas em alguns casos. Outra vantagem adicional era a quase não existência de interferência nos sistemas sonoros, embora continuasse a existir interferência eletromagnética.
Do controlo remoto à multiplexagem
Do controlo remoto à multiplexagem
Além das vantagens já referidas, a utilização de semicondutores de potência permitiu operar os controladores luminosos à distância. Nas instalações dotadas com estes controladores de semicondutores, a intensidade luminosa das lâmpadas podia facilmente ser controlada à distância, utilizando uma tensão ou corrente, gerada por um painel de controlo dotado de simples potenciómetros.
Note-se que hoje em dia a iluminação de cena continua a basear-se em conceitos estabelecidos na altura do aparecimento dos primeiros painéis de controlo. Nos catálogos dos fabricantes deste tipo de equipamentos, ainda se podem encontrar painéis de controlo analógicos por um preço inferior aos atuais que já são digitais.
Um dos principais inconvenientes dos sistemas de controlo analógico, que utilizam uma tensão (ou corrente) de controlo, é a necessidade de um condutor para cada canal de comando. No caso de instalações portáteis, como as que são utilizadas em espetáculos esporádicos, a montagem das inúmeras fichas e encaminhamento dos condutores é um grande quebra-cabeças, para além da curta vida útil das fichas.
Na década de 1990, muitos fabricantes de sistemas de iluminação começaram a preocupar-se com estes problemas e várias soluções foram encontradas para reduzir o número de ligações necessárias entre o painel de controlo e as fontes de iluminação. Um fabricante (Strand Lightning) desenvolveu um protocolo baseado em multiplexagem e deu-lhe o nome de CD80. Neste sistema era possível transferir várias dezenas de comandos através de um simples cabo de microfone. Antes deste protocolo ter sido completamente desenvolvido, apareceu uma norma criada pelo USITT (United States Institute for the Theater Technology) que se baseava nele. Esta norma designada AMX192 definia um sistema de multiplexagem que utilizava dois pares de condutores. Um deles transferia uma tensão variável entre 0 Volt e 5 Volt, que representava valores desde 0% a 100% e o outro transferia um sinal de relógio digital com amplitudes de 0 Volt e > 4Volt.
A Era Digital
Em meados de 1980 vários fabricantes de sistemas de iluminação, convencidos das vantagens dos microprocessadores decidiram integrar estes novos componentes eletrónicos nos seus equipamentos.
Assim nasceram vários protocolos digitais, cada um com as suas vantagens e desvantagens. Note-se também que estes protocolos de comunicação eram completamente incompatíveis uns com os outros. No entanto, alguns deles ainda continuam a ser usados atualmente. A tabela 1 apresenta um breve sumário destes protocolos.